quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Especialistas dizem que bolha imobiliária não está sendo inflada



Apesar dos alertas do Fundo Monetário Internacional e do Banco de Compensações Internacionais, brasileiros garantem que valorização imobiliária no País é sustentável.

Tema de grandes debates nos últimos quatro anos, a tese da possível bolha imobiliária brasileira voltou a ganhar a atenção após os alertas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco de Compensações Internacionais (BIS, em inglês). O BIS destaca que a valorização dos imóveis nos últimos quatro anos chegou 113,4% no Rio de Janeiro e a 86,3% em São Paulo. Defensores da tese da bolha argumentam que os preços estão altos demais e próximos de atingir um limite para o estouro da bolha.
Porém, especialistas brasileiros descartam no curto e médio prazos o estouro de uma bolha no Brasil. O economista Ricardo Amorim, presidente da Ricam Consultoria, diz que, estudo feito pela sua empresa, constatou que os preços não estão tão elevados.
“Uma bolha imobiliária sempre se caracteriza por preços muito elevados em relação à capacidade de pagamento das pessoas. Considerando-se quantos anos de salários são necessários para comprar um imóvel de preço médio nas principais cidades do mundo, nenhuma cidade brasileira está hoje entre as 20 mais caras”, constata.
Nelson Sousa, economista do Ibmec, destaca que a valorização dos preços dos imóveis deu uma trégua este ano. Segundo ele, a tendência é de estabilização, com leve viés de alta.

“O mercado está chegando gradualmente a um equilíbrio entre oferta e demanda“, avalia o economista.
Segundo ele, é possível que haja uma redução de preços pontuais no mercado, mas sem ameaça de uma bolha  imobiliária.
“O conceito de bolha prevê uma queda abrupta dos preços. Não há qualquer indicação disso. O que pode ocorrer é uma queda de preços apenas em algumas regiões”, disse Sousa.

Ricardo Amorim ainda revelou que todas as bolhas imobiliárias estouraram no mundo quando o crédito imobiliário superava 50% do PIB, caso dos Estados Unidos (80%); Portugal e Espanha (60%). Outra característica é a dificuldade que os mutuários têm de quitar suas parcelas devido ao custo alto do crédito, ou seja, juros mais altos. Porém, no Brasil trajetória é inversa. O Banco Central (BC) iniciou uma cruzada pela redução dos juros, baixando a taxa básica de 12,5% para 7,5% em 12 meses.
O perigo da inadimplência do consumidor brasileiro também foi um dos argumentos usados pelas instituições internacionais para alertar sobre uma possível bolha. Segundo dados do FMI, o brasileiro compromete cerca de 23% de sua renda com pagamento de parcelas mensais. O porcentual é um dos maiores do continente. No Peru, México e Colômbia esse índice não chega a 10%. No entanto, para o Ipea, o perfil da dívida do brasileiro é de curto e médio prazos, representando mais de 73% do total.
“O elevado grau de comprometimento da renda das famílias, da mesma forma que cresceu rapidamente, também pode cair em pouco tempo”, diz o estudo.
Os dados do Ipea também mostram que a inadimplência no financiamento imobiliário chegou ao mínimo histórico em junho, com apenas 4,56% dos financiamentos em atraso superior a 90 dias.

“O que está aumentando é o valor total do endividamento. Mas o prazo está se estendendo e os juros caindo, tornando o pagamento mais fácil”, explica o economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Pedro Seixas.
Outra característica de uma bolha, lembra o economista, é a forte presença de especuladores no mercado em busca de lucratividade.
“Para podermos caracterizar como bolha, teríamos que ter aumento de preços devido a especulação. Muitos investidores precisariam estar tentando lucrar com imóveis”, destaca Seixas.
No entanto, o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi Niterói), Jean Pierre Biot, diz que investidores são minoria no mercado.
“A grande maioria das pessoas busca comprar imóveis para moradia. Ainda há poucos investidores no setor”, conta Biot.
Pedro Seixas diz, ainda, que apesar do crescimento do setor imobiliário brasileiro nos últimos anos, ainda há muito espaço para expansão.
“A projeção é de demanda crescente, seja pelo perfil da população, com famílias menores e muitos solteiros e pelo crescimento de renda das classes C e D, que terão mais possibilidade de comprar a casa própria e mais acesso ao crédito”, detalha.

(Matéria extraída do jornal O FLUMINENSE)

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